A importância da rotação de cultura

Na busca por maior produtividade no campo e uma qualidade superior, ao longo dos anos tecnologias e métodos de cultivo foram postos à teste para atingir tal objetivo. Práticas de manejo na lavoura, como a rotação de cultura, foram empregadas com visão nas oportunidades de aumento produtivo.

A prática de rotacionar as culturas se demonstrou eficiente para a lucratividade e produtividade ao produtor, tendo como pilar central a possibilidade de implantar outras culturas na mesma área e agregar valor.

Mas afinal, o que é a rotação de culturas? 

A rotação de culturas consiste em empregar variadas culturas, alternadamente, em uma mesma área ao longo de uma safra ou tempo estipulado pelo produtor. Com esse método, a degradação do solo, química, biológica e fisicamente, são reduzidas e a margem de produção tende a aumentar.

Com o rotacionamento, as culturas plantadas na área irão fazer papéis diferentes na recuperação do solo, que por muitas vezes foi trabalhado apenas com monoculturas, e ao longo dos anos, o desgaste do solo foi sendo amplificado e o produtor tendo a sua produção aos poucos reduzida.

A ideia central da rotação de culturas, além de trabalhar com a recuperação do solo, podendo, assim, ser considerada uma prática conservacionista, é a possibilidade de empregar outras culturas na área que possam trazer rentabilidade para o produtor. Com essa oportunidade, o produtor pode alavancar seus lucros brutos e trazer novamente para o seu solo, sua capacidade produtiva anterior.

Rotação de cultura
Plantação de milho e soja. Fonte: Atua Agro

O milho na rotação de cultura 

No passado, o milho era empregado como monocultura em diversos estados brasileiros, até a oportunidade do sistema de rotação cultural surgir. É a principal cultura que é empregada na entre-safra (safrinha) e está entre os principais produtos agrícolas produzidos no Brasil. 

A rotação do milho com outras espécies, para produtores que têm a gramínea como cultura principal, é uma forma de consorciar a cultura com espécies que tragam benefícios ao cultivo original da lavoura e façam as margens produtivas aumentarem. 

Alternativas de cultivo onde envolvem o consórcio com plantas destinadas à adubação verde e/ou cobertura de solo, como o feijão-de-porco ou a crotalária, podem ser avaliadas conforme a disponibilidade. Outras culturas rotativas ao milho são centeio, gergelim, aveia preta, girassol e o trigo.  

Para quem tem a soja como principal cultura, a rotação com o milho traz aumentos produtivos para ambos os lados. Em um estudo elaborado por Duarte Júnior & Coelho (2014), foi demonstrado que o acréscimo na produtividade do milho após soja, chegou a 9%, enquanto ao lado da soja após o milho, as produtividades aumentaram em 5 e 15%.

Como saber com qual cultura rotacionar? 

Como já visto anteriormente, outras culturas além do milho, podem ser impostas para a rotação com a soja, sendo estas com finalidades comerciais ou para o desenvolvimento da lavoura. 

As rotações podem ser elaboradas conforme a necessidade do produtor e os planos dele para a cultura principal de sua propriedade, visando por exemplo o aumento de palhada ou reciclagem de nutrientes.

A entrada do milho no campo é beneficiada com a sucessão a uma cultura que, em seu ciclo, demandava bastante manejo nutricional, como a soja, sendo assim, o solo apresenta bastante teor nutritivo para a planta do milho. Aumentos na produtividade do milho-verão podem ser observados também, quando sucedidos por uma leguminosa de inverno.

A saída do milho deixará no campo uma grande quantidade de resíduos culturais (palhada), que podem ser reutilizados na cobertura do solo para a próxima cultura. Estudos apontam que a soja rotacionada com o milho obtém um acréscimo de até 17% na produtividade (FRANCHINI et al, 2011) 

Cultivos rotacionados entre aveia preta, milheto e soja, também podem ser manejados com o intuito de produzirem palhada para o sistema no campo, diminuindo os riscos relacionados às modalidades de erosão.

Nos parâmetros que envolvem o aumento produtivo do milho e uma estruturação do solo, rotações entre a soja, girassol safrinha e o milho, podem trazer resultados positivos para o produtor. E também são produtos que detém um mercado ativo e o retorno financeiro quase certo.

Vale ressaltar também que o emprego das culturas devem ter uma finalidade específica, seja essa para o uso em adubação verde ou cobertura do solo ou ainda, para a comercialização. As culturas trabalhadas vão de acordo com o perfil do produtor, podendo ser elaboradas rotações onde haja culturas anuais rotacionadas com outras culturas anuais ou culturas anuais rotacionadas com forrageiras. 

A escolha das espécies que irão compor o sistema devem ser realizadas de acordo com o quão poderão ofertar para o mesmo. Plantas com sistemas radiculares diferentes, teores de nutrientes distintos e hábitos de desenvolvimento adversos, contribuirão para a redução de pragas e doenças, aumento da produtividade, para a fertilidade do solo e também para o maior desempenho da cultura principal.

Vantagens da rotação de culturas 

As oportunidades entregues aos produtores pela rotação de cultura vão além de somente aumento na produtividade e rentabilidade econômica. Dentre os benefícios já citados, outros podem ser observados. São eles:

  • Recuperação do solo através dos cultivos alternados entre gramíneas e leguminosas;
  • Redução do risco de erosão hídrica ou eólica do solo ;
  • Menores incidências de pragas na lavoura, vide a menor estacionalidade da população destas;
  • Redução das ocorrências de doenças no plantio  e desenvolvimento das culturas;
  • Maior ciclagem de nutrientes no solo e aumento da matéria orgânica;
  • Aumento da fertilidade, vide as adubações diferentes das culturas plantadas.

Dentro do nosso blog há um material com maiores informações sobre os benefícios advindos da rotação de culturas.  Fique a  vontade para dar uma olhadinha lá:

Beneficios da rotação de culturas

Como implantar a rotação de culturas?

A implantação do sistema de rotação cultural é um processo que demanda um planejamento específico para cada propriedade. As avaliações para a aderência ao sistema vão de acordo com a capacidade do produtor de manter o sistema, com a demanda dos produtos agrícolas na região ou a finalidade para o procedimento.

O sistema deve ser viável economicamente e flexível para as mudanças repentinas que possam surgir ao decorrer da safra. Erros como o planejamento a curto prazo e a implantação despreparada podem trazer prejuízos ao produtor, que, se não reversíveis, deixam um alerta  para uma maior preparação de procedimentos em virtude de uma operação desta escala.

A rotação deve trazer lucros ao produtor, tanto financeiramente quanto às questões do solo da sua propriedade, e não maiores dores de cabeça. Em situações onde o produtor queira realizar o procedimento mas não há base financeira para isso, o uso de crédito rural é uma possibilidade para dar cadência ao planejamento. Saiba mais sobre o crédito rural em uma publicação aqui no nosso blog:

Como conseguir crédito rural em 2021

Por que a rotação de cultura é importante?

Como observado ao longo deste artigo, a rotação de cultura é uma forma de manter a produtividade em alta e ainda a conservação do solo onde se produz. As formas de implementação do sistema irão conforme os planejamentos e as necessidades da propriedade que assim deseja fazer. 

Maior lucratividade, menores gastos e a produção em alta são grandes influenciadores para produtores que desejam destaque no mercado rural, que a cada dia está mais competitivo.

As práticas conservacionistas são as melhores formas de não se perder um espaço produtivo e não ter que aplicar grandes gastos em métodos recuperadores. Assim como o plantio direto, a rotação de cultura é uma forma de amplificar os recursos disponibilizados e manter ou aumentar as bases produtivas.  

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Referências

Agroecologia

Embrapa

Artigo “Franchini et. al,. Importância da rotação de culturas para a produção agrícola sustentável no Paraná. Documentos, 327, Embrapa Soja, PR, 2011.”

Instituo Agro

Mais Soja

Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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